O que fez e o que faz a diferença?

    
Nos últimos “rounds” da administração o que vem se destacando é a questão de como se diferenciar na mente do consumidor num mercado cada mais competitivo.

Vamos pegar uma das pontas da história. Na década de oitenta nós vimos os japoneses arrasarem com os americanos no que diz respeito a competitividade e qualidade dos produtos. Após uma década os americanos foram a luta e retomaram a ponteira. Você sabe porque este fato ocorreu?

Agora a explicação é simples, mas durante alguns anos americanos e japoneses se perguntavam o que estava acontecendo.

Acontece que a estrutura da administração em ambos os casos foi focada na qualidade e aprimoramento de processos para aumento da produtividade. Como os japoneses foram os impulsionadores da implantação dos conceitos de W.E. Deming e J. Juran eles atingiram primeiro um ciclo de qualidade que os diferenciava no mercado, isto gerou riqueza, muita riqueza.

Na década de oitenta os E.U.A. acordaram. Pela segunda vez na história os japoneses são o motivo do despertar do gigante adormecido. Foi uma corrida incessante que culminou com 10 anos de prosperidade americana e a estagnação da economia japonesa.

Então quer dizer que a resposta para a pergunta título deste artigo é que os americanos que fazem diferença? Não. Estamos fazendo esta rápida passagem pela história da qualidade para mostrar que qualidade é eficácia, é eficiência, é fazer bem feito e por isso os americanos alcançaram os japoneses e que também outras nações atingiram o mesmo patamar e hoje o cliente fala com toda razão que fazer bem feito nada mais é do que obrigação do fornecedor.

E mais, o custo da melhoria da qualidade chegou num ponto que o investimento para se melhorar um pouquinho significa milhões e milhões de dólares. Esta afirmação nos leva a dizer que o poder econômico consegue, mais uma vez, ser uma barreira para quem quer se diferenciar através da melhoria da qualidade.

Por outro lado, com a tecnologia se pulverizando por todos os continentes, os produtos se igualaram num determinado patamar de qualidade. Isto gerou uma competição cada vez maior entre empresas dum mesmo ramo, baixou preços e, ultimamente, a guerra está na redução dos custos.

Perguntamos então, até que ponto vamos agüentar esta pressão social, o desemprego em todos os níveis. O empregado substituído pela máquina. Profissionais cada vez mais novos por um custo menor mandando profissionais com conhecimento para uma aposentadoria forçada por falta de opção. Declínio da qualidade de vida na aposentadoria por falta de produção. Concentração de renda e o pior, a mística de que dinheiro é que traz felicidade.

A diferença que este modelo mental está criando é o abismo social. O velho domínio de uma minoria privilegiada sobre uma maioria miserável. Só que com uma diferença do passado, antigamente as minorias conseguiam proteger seu patrimônio, hoje, com a incerteza em todos os lugares, um dia você está por cima e de repente seu chão desapareceu. Estamos vivendo a era em que crise é o cotidiano e as possibilidades são muitas.

Resolver isto não é simples, mas é possível, e para isso não existe uma única saída, mas todas passam pela valorização do ser humano e de sua dignidade.

Fazemos a diferença através da valorização do que as empresas desprezam hoje se continuarem achando que estão em crise, o homem, suas idéias e seus conhecimentos.

Se todos os produtos são materialmente iguais no que tange ao alcance da qualidade, o que os diferenciará uns dos outros será a equipe que os cria, produz, vende e entrega.

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